O que Traz Boas Novas

O que Traz Boas Novas (Monsieur Lahzar)

Direção: Philippe Falardeau  Ano: 2011

Nomeado ao Oscar para Melhor Filme Estrangeiro pelo Canadá, O que Traz Boas Novas transborda delicadeza e, ao mesmo tempo, reúne em si duas temáticas paradoxais para a sociedade contemporânea: a morte e a infância.

Numa escola primária de Montreal, uma professora, Martine, aparece morta de modo inesperado e em plena sala de aula. Dadas às circunstâncias, ninguém quer substituir a mestra. Bachir Lazhar, um imigrante argelino, surge em boa hora e aceita ser professor da sala que era de Martine. Enquanto tenta ajudar os alunos a lidar com a dor, precisa também se ajudar, sua dor também é profunda.

Duas histórias distintas unem-se na mesma pessoa – Lazhar – para retratar a dor que se sente quando se lida com a morte. Neste caso temos, por um lado Lazhar, que perdeu entes queridos, e a turma da professora suicida, composta por crianças que revelam a normal dificuldade em lidar com a morte.

Como vivenciamos também esta dificuldade na nossa prática, já que não somos formadas para lidar com o tema morte, como abordar este tema? Como, nós, professores do ensino fundamental, podemos trabalhar com o conceito de morte, na sala de aula? Como se comportar quando a morte, direta ou indiretamente, se faz presente no nosso cotidiano profissional?

Um material didático-pedagógico interessante sobre o tema, e que nos ajuda a refletir sobre as questões levantadas, é o da Kovács (2003b) o “Falando de Morte”, que é direcionado a diversos segmentos sociais e faixas etárias e tem como objetivo principal sensibilizar a comunicação sobre o tema da morte. Foi criado pelo Laboratório de Estudos sobre a Morte (LEM), instituição que fornece assessorias, gravações e publicações nessa área. O propósito maior da autora é implementar uma educação para a morte, instrumentalizando, didática e pedagogicamente, profissionais da saúde e educação.

Espero que este filme e a bibliografia sugerida ajudem no trabalho com o tema morte.

E, Caso vocês queiram contar alguma situação de sala de aula sobre essa temática, também será bem vinda.

Referência bibliográfica:

KOVÁCS, Maria Júlia. Educação para a morte: temas e reflexões. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003a.

11 pensamentos sobre “O que Traz Boas Novas

  1. A “Morte” é sem dúvida um tema extremamente relevante para ser discutido na Educação.

    “O problema da definição tradicional da morte é que ela, como muitas
    outras definições tradicionais, é circular. Morremos quando deixamos de
    viver, e deixamos de viver quando morremos. À medida que vamos
    morrendo, nossos diversos órgãos vão parando de funcionar, e na
    medida que os órgãos vão parando de funcionar, morremos.” (VALLS,
    2002, I)

    É comum ouvir que “a morte faz parte da vida”. O tema parece simples, como na citação acima, mas a discussão não o é. A filosofia socrática inicia as questões sobre o ser, a vida e a morte, relacionando o bem viver e o bem morrer como eventos de grandeza, que “aquele que sabe morrer aprendeu a viver, e assim a vida e a morte se iluminavam reciprocamente.

    Diante de todas as emoções que construímos ao longo da vida, a morte parece suscitar todas despertando medo, nojo, aversão, pânico, raiva, afeto, gratidão, amor, etc. Ao chegar muito “perto do fim”, para “aqueles que ficam” a vida retoma valores amiúde adormecidos, que liberam ou bloqueiam o assunto com a morte.

    Melo (2008), diz que há uma necessidade urgente em se “aprender a lidar com as perdas” e que a escola é o lugar por excelência para conduzir o conhecimento da tanatologia de forma pedagógica e desprovida de medos ou preconceitos. (MELO, Maria do Socorro Nascimento. “MORTE COMO OBJETO DE ESCOLARIZAÇÃO: UMA PROPOSTA DE PESQUISA”. Disponível no site http://e-revista.unioeste.br/index.php/travessias/article/view/2892 ultimo acesso em 17/09/2013 às 19:12)

    Independente do credo, nível social ou acadêmico, etnia ou gênero, a morte se manifesta a todos e de diferentes formas. Isso nos coloca diante de questões: A morte deve ser negada, ou deve ser discutida como um processo natural da vida? Diante deste tabu, o luto não é vivido, o profissional da educação está preparado para dar apoio e suporte às crianças que vivenciam esse momento? Por que a morte significa perda?Por que a morte tem ritual?Por que a morte, muitas vezes, é colocada como se fosse castigo, punição?Por que os adultos inventam refúgios sobre a morte e em alguns casos iludem as crianças?O que as crianças sabem e gostariam de saber sobre a morte?

    Diante do acontecimento da morte, as crianças “buscam o adulto como apoio, que pode acolher e legitimar seus sentimentos, responder perguntas, numa tentativa de ordenar o mundo abalado após perdas significativas”(KOVÁCS, 2012), mas deve conhecer os atributos apresentados por Torres (1999), de que ela é irreversível, universal, funcional e causal, e servir de facilitador no processo de luto.

    Agradeço por compartilharem o filme. É realmente digno do Professor Pipoca!

  2. Muito interessante, fiquei com vontade de assistir o filme. Tento lidar com esse assunto com as crianças do jeito mais natural possível, uma menina da minha turminha sempre contava sobre como seu gato morreu atropelado e agora está com o papai do céu.
    A religião é um meio que influencia muito nessa questão, pois cada uma tem um ritual diferente e as crianças são inseridas neles desde sempre.

  3. Muito interessante esta indicação de filme, o trailer deixou um gostinho de quero mais…!
    Não é fácil ser professor substituto, lembro-me de quando estudava, e a forma com que estes professores eram recebidos não costumavam ser das mais amistosas pelos demais professores, e muito menos pelos alunos (e disso não falo com orgulho!).
    O contexto apresentado no filme torna a situação bem mais difícil, imagine um professor tendo que lidar com as suas dores pessoais e ainda as dores dos alunos, (não que isto não aconteça todos os dias!), mas acho que é muito mais complicado por se tratar do tabu da MORTE, por outro lado é importante se pensar: Por que o professor deve anular esse sentimento em sala e não transpô-lo aos alunos?
    Parece-me que ocorre um processo de desumanização escolar, onde os atores sociais adentram, mas seus sentimentos não!
    Se a educação é também criação de vínculos, o que consequentemente envolve sentimentos, por que os papéis de indivíduos apáticos ainda devem ser sustentados, tanto para professores, quanto para alunos?

  4. Bom, nunca tive nenhuma experiência em que tive que tratar da morte com alguma criança. Acho que esse filme pode me ajudar, porque sinceramente nem saberia como agir. Na verdade sinto até dificuldade em consolar algum amigo quando um ente querido morre, é uma situação constrangedora e muito dolorosa. Mas é a morte é um tempo atual e vai continuar sendo. Vamos ver o que eu posso agregar!!!

  5. O tema morte me fez refletir que nós educadores não temos apenas que ensinar conteúdos sistematizados, mas também ensinar, conversar, discutir, compartilhar, assuntos que nos cercam, nos afetam cotidianamente, e que por conta disto são muito mais significativo que outros assuntos sistematizados. Além disso, o trailer me suscitou a questão de que não apenas na educação infantil, mas em outras etapas da educação como o ensino fundamental, os educadores não devem apenas ensinar, mas sim cuidar de seus alunos de uma forma atrelada ao educar.

  6. Trabalhar com o tema morte é algo muito complexo. Acho difícil abordar o conceito com crianças. Mas, em algum momento, todas as famílias vivenciarão a morte. E o professor deve sim abordar o tema. A questão é saber como. Obrigada pela dica.

  7. Parece ser legal esse filme!! A questão da morte é difícil de se tratar não só nas relações das crianças mas também nas relações entre adultos e dentro de cada um. Temos tanta dificuldade de tratar esse assunto com normalidade exatamente por termos dificuldade de aceitar que a morte faz parte da vida e abraça-la ao invés de repudia-la. A saudade sempre existe, mas precisamos aprender a viver conforme as experiências do passado para podermos te-las com carinho e conseguir seguir com a vida mesmo quando a morte está presente! Inclusive, já vi muita criança que consegue se relacionar com isso muito melhor do que vários adultos que conheço exatamente porque, mesmo tristes por perder a companhia de alguém, valorizam mais todas as experiencias que tiveram e vão levar consigo.
    Acho que o momento de luto é um momento de tristeza, um momento de silencio e um momento de força. É um ritual importante, mas que deve ser superado. a despedida é um aprendizado, aprendendo a valorizar o outro, valorizar as experiencias que teve com ele com carinho, mas reconhecer que cada um é cada um e, portanto, precisamos também valorizar a separação, a despedida, pois ela também tem seu valor. o valor do respeito pela vida independente do outro. Mesmo que seja uma despedida de morte, um respeito pelo que aconteceu e pelo que a pessoa é (pois mesmo afastada as pessoas constantemente são, em nossas memorias, experiencias, imaginação e sonhos. sempre que estamos bem todos os atores da nossa historia de vida estão ali, pois todos contribuíram para aquele estar nosso daquele momento. O eu são todos esses atores misturados dentro do nosso íntimo) para poder respeitar sua ida e continuar a viver.

  8. Sugestão muito boa!!! Das sugestões do blog foi a que mais me instigou, inclusive a bibliografia para complementar! Muito bacana! Vou aproveitar as férias que estão chegando e assistir, passo para deixar um comentário depois! Grato pela dica!

  9. Conversa bastante com o tema abordado em nosso blog, lá indicamos livros infantis e já ajudam a pensar, mas aí para crianças mais novas… muito legal ter dicas para tratar o mesmo assunto com crianças um pouco maiores e parar mesmo para pensar em cada abordagem que deve ser realizada.

  10. A morte é um tema complicado de se trabalhar, mas é preciso que façamos. Acredito que o trabalho com filmes e livros é bastante indicado e facilita está, que é uma tarefa difícil. O trailer é muito bom e a medida que conseguimos ter uma base sobre este assunto, podemos linkar com as nossas práticas pedagógicas, para que assim o trabalho em sala de aula seja feito de maneira mais segura e melhor.

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